Criado em março de 2006, o twitter é uma marca e comunidade muito bem construída. Durante todos os seus anos de existência, teve o pássaro e a cor azul como seus principais símbolos. Larry, como é chamado o passarinho, sofreu quatro redesigns mas nunca perdeu sua essência e personalidade. Além disso, o twitter criou e tem até hoje sua própria linguagem como os termos tweets, twittar e retwittar. O termo tweet significa “pio de pássaro”, o que tem relação direta com seu símbolo.
O twitter tem (ou tinha) seu objetivo muito claro: mensagens curtas e agilidade na informação. O que antes eram 140 caracteres, em 2017 se tornaram 280 caracteres. Usando linguagem informal, buscando divulgar informações rápidas e uma interação descontraída.
Em 17 anos de existência, a rede do pássaro azul conquistou usuários fiéis e cumpriu muito bem o que se propôs a fazer. Será que podemos considerar o twitter um brandlover? Termo utilizado para designar marcas que ganham o carinho do usuário, que reflete sua identidade e oferece um senso de comunidade.
Mas e agora? Elon Musk comprou o twitter no segundo semestre de 2022, desde então o site tem sofrido algumas mudanças como o twitter blue, que é uma assinatura mensal que dá acesso a algumas vantagens dentro do site. Mas no domingo (23), o novo dono da plataforma divulgou que daríamos adeus ao Larry, e também ao nome Twitter. As mudanças foram rápidas e percebidas logo no dia seguinte. Não daremos apenas adeus ao nome e ao símbolo, toda plataforma sofrerá mudanças que, de acordo com o empresário bilionário, o transformará em um super aplicativo para todos os usos, desde rede social até uma instituição financeira com serviços de pagamento e compras online. Ousado, né?
E como o público foi preparado para essas mudanças? Musk ainda não apresentou de forma clara os motivos das modificações, e não há uma estratégia de rebranding em nada do que ele trouxe ao público até agora. Um bom meio de ter apresentado o novo X para a audiência do twitter seria usar do gatilho de antecipação, que é uma estratégia persuasiva para gerar curiosidade e expectativa sobre algo. É um método que exige planejamento e estudo da audiência. Outra questão muito importante é estudar os pontos de contato, onde o público está presente e de que forma se comunicar de forma direta e clara com ele. Após isso, criar uma história relevante e verdadeira para envolver o público, que é o que chamamos de storytelling. Tudo isso garante um rebranding de sucesso? Não! O processo de rebranding é complexo, pode mudar completamente um negócio ou destruí-lo. Mas o que foi apresentado sobre as mudanças do twitter é muito arriscado e parece ter sido feito de qualquer forma e o mais rápido possível. Quer um exemplo de toda essa pressa? A própria identidade visual do “X”, é apenas uma tipografia já existente conhecida como “Special Alphabets 4”, que custa apenas 30 dólares.
Será que o novo “X” conseguirá manter a comunidade de usuários fiéis do twitter? Bom, ainda não sabemos, mas aqui fica o adeus ao pássaro Larry.
Por Naira Lorena, designer e especialista em branding.
Naira é diretora de arte na Darana RP.