Amanda Lobo (amanda@darana.com.br)
Eder Luis Santana (eder@darana.com.br)
Gerenciamento de crise, comunicação externa e interna, relação com stakeholders, elaboração e gestão do plano de comunicação. São tantas as funções da equipe de comunicação que, muitas vezes, é deixado de lado um papel valoroso: contribuir com todas as etapas da política de Diversidade e Inclusão (D&I) das empresas.
Os últimos anos têm sido cruciais na valorização da D&I no mundo corporativo. Organizações de diferentes tamanhos investem na política de valorização dos seus times e, de tempos em tempos, novas pesquisas surgem anunciando que quanto mais diversidade e inclusão, maior é a produtividade das equipes. Um estudo realizado pela Accenture, multinacional especializada em consultoria e gestão, identificou que 46% dos consumidores preferem comprar com empresas que possuem diversidade no quadro de colaboradores. Isso mostra como a diversidade influencia positivamente nas instituições privadas.
De acordo com os dados da pesquisa “Mulheres na Liderança”, realizada em 2020 pela WILL, organização internacional sem fins lucrativos, 58% das empresas brasileiras estão contratando cada vez mais mulheres para altos cargos de liderança. Esse percentual mostra que as corporações têm aumentado o engajamento com a causa da equidade de gênero.
Uma empresa diversa não é aquela que apenas contrata profissionais com diferentes perfis, como se estivesse preenchendo cotas para mulheres, negros, pessoas com deficiência, integrantes da comunidade LGBTQIA+, moradores de áreas periféricas, dentre outros grupos sociais. A diversidade está vinculada à responsabilidade social da organização e seu projeto de contribuir para uma sociedade mais justa e com relações igualitárias.
Não existe política eficaz de D&I sem que haja inclusão e equidade de gênero em cargos de liderança. O mesmo levantamento da WILL aponta que em 66% das empresas o progresso da equidade está presente como prioridade na agenda dos gestores. Em contrapartida, é sempre complexo o planejamento da política de D&I. E justamente nesse ponto a equipe de comunicação tem muito a contribuir.
O desafio primordial da comunicação corporativa está na promoção dos valores da D&I internamente na empresa. Em seguida, é necessário conversar amplamente sobre o tema e encarar os desafios (e possíveis resistências) diante de funcionários que nem sempre estão afinados com essa política. Alguns líderes, principalmente homens brancos, heterossexuais e em cargos de poder, podem se sentir ameaçados e descontentes com a ideia de compartilhar os espaços de lideranças com profissionais que evidenciem a diversidade e a inclusão.
É na comunicação corporativa que essas relações precisam ser alinhadas. Presidência, diretoria, gestão de pessoas, entre outros setores, precisam ser interligados por uma política de comunicação inspirada na diversidade e inclusão. Somente assim, de dentro para fora, é que se consegue alcançar a mudança nos cargos de liderança.
Olhe para a empresa na qual você trabalha e observe: quantas mulheres ocupam cargos de liderança? Quantas mulheres negras fazem parte das tomadas de decisões na corporação? Piadas LGBTfóbicas, racistas e misóginas ainda circulam entre os colaboradores?
Independente das respostas, um aspecto é inegável: a comunicação faz parte do que está presente e fará parte do que está por vir. Se a empresa está disposta a valorizar uma política de D&I, passa pelo setor de comunicação o planejamento de como ações profundas podem tornar os espaços de lideranças mais ajustados a esse novo modelo de gestão.
Campanhas para atrair talentos, programas de formação de lideranças, incentivo aos profissionais que atuam no operacional e precisam de novas oportunidades são apenas exemplos do que já acontece em muitas corporações atentas à temática.
Vez e voz para todos, todas e todes.
Fontes:
Consumidor Moderno: percentual de mulheres em cargos de liderança dobrou no último ano.
Folha Dirigida: Quão preparadas estão as empresas para apoiar a equidade de gênero?